Opera mundi: A reunião na rua L, de volta ao sexto campo orbital!!!
''Reinvento-me, sou filha do vento,
Caminho por horizontes,
Nos quais deixo sempre um pouco de mim.
Filha do vento, errante, estrangeira,
Caminho por horizontes, sem fim..!''
Fabiane Braga Lima
O satélite artificial, orbitava no seu próprio eixo e orbitava ao redor do planeta Terra. Em forma de rosca, ligado por uma estrutura interna e forma de X. Nomeado de Sexto campo orbital, a estação espacial compartilhada, tive este nome porque cinco estações foram projetadas anteriormente. Os primeiros projetos, davam conta de uma prisão de segurança máxima, orbitando o planeta Terra. Os altos custos da construção, o caráter desumano do projeto, as muitas inseguranças jurídicas, as instabilidades de todas as ordens, apontaram simulações e projeções, feitas por computadores e cálculos orgânicos. Feitos por especialistas de uma gama variada de áreas das ciências humanas e das ciências exatas. Os dados revelaram sempre os mesmos resultados, os custos altos dos projetos, em todos os sentidos, deixavam os benefícios irrisórios.
Somente o sexto projeto, depois de longos e lentos debates, uma vez finalizado, foi posto em prática, a ideia era as grandes corporações, a sociedade organizada e de estados nações em uma cooperação inédita até então. Construir uma estação espacial compartilhada, um centro de pesquisas avançadas. Uma estação espacial compartilhada, de pesquisas e inovações, para superar os novos e grandes desafios, impostos pelos avanços tecnológicos e as mudanças climáticas. Em cooperação fraternal, soluções simples, para resolver problemas complexos, era o lema que embasou o sexto campo orbital.
O som de uma esteira, em funcionamento, se misturou com sutis sons de gotejares. Os tanques robôs, iam e viam aos sabores de abafados gemidos de dores e lamúrias sussurrantes. Na completa escuridão, olores florais que se misturavam com o pútrido cheio de carne morta, uma lufada de sabores de óleo e de cobre, percorreram o ambiente.
— Onde eu estou? Que eu estufando aqui? — O sussurro desesperado em meio a escuridão, não passou despercebido e do disciplinador. A máquina viva se aproximou do ser biomecânico, que estava preso em câmara buriladora de inexatidões.
— Ser biomecânico pronto para a terceira fase inicial educação emocional digital!! — Pronunciou o tanque robô.
As fortes luzes se acenderam em abrupto, a cena opaca e confundiu o ser biomecânico preso a uma cápsula de cristal líquido.
— Torna as dores em prazeres tecnológicos e descobre novos seres biomecânicos! É a nossa função aqui ser biomecânico! — Disse o tanque robô na frente do ser biomecânico. As pinchas dos braços mecânicos abriram e um grunhido ecoou no vácuo cósmico sem fim. — Aqui testamos a resistência cerebral cibernética é testada até o limite de computadores quânticos!
— Adoro trabalhar contigo, Boris, as tuas linhas de programação são arte pura! — Disse Cali, a engenheira mecatrônica!
— Inspiro-me no teu trabalho elegante, minha querida colega de trabalho! — Respondeu o Boris o programador de computadores.
Estavam no laboratório de desenvolvimento de mecatrônica, no setor dois, da estação Sexto campo orbital, o acampamento comumente chamado! Estavam no nicho de Boris, que estava desenvolvendo a programação que iria ser usada em braços mecânicos, peças que iriam realizar operações médicas simples e complexas. Os quatro setores, que desenvolviam trabalha em separado e complementares, iam do centro da estação espacial, se estendiam até um quarto dos quadrantes.
— Quando iremos por estas em ação? — Perguntou Cali, que estava sentada ao lado de Boris, que terminava a programação.
— Uma inteligência artificial irá comandar os teus belos braços, pois a experiência pode levar à morte. Serão três diretrizes, orgânica onde médicos e médicas irão operar os seus bebês, a distância ou na sala de cirurgia, a segunda é o profissional devidamente registrado dará as instruções a viva voz ou programar na distância. E a última e mais radical de todas será a inteligência artificial, que comandará o espetáculo — Respondeu Boris, enquanto digitava no computador quântico.
— Muitos vieses meu querido, muitos perigos à vista! O que ocorrerá se estas máquinas pararem em mãos insanas? — Perguntou Cali, não escondendo as preocupações.
— Protocolos minha querida colega de trabalhos, vários e antes que me pergunte as tais três leis da robótica, são devaneios pueris de um otimista desvairado. E nem todo mundo terá acessos às nossas queridinhas que estamos desenvolvendo, seja pelo preço, seja por leis, normativas decretos e coisas que o valham. Aqui não suspendemos os juramentos que os bons doutores, doutoras e demais profissionais da saúde bem o fazem quando recebem os seus canudos. — Responde Boris, o programador de computadores.
— Interessante, por isto que gosto de números e a boa e velha metalurgia! Pelo visto acabaste! — Disse Cali de forma triunfante.
— Ainda não minha querida, colega de trabalho! Temos que ver como o burilador de inexatidões está tratando a inteligência artificial que comandará os teus braços mecatrônicos! — Disse o programador, tirando as mãos do teclado.
Um robô doméstico, se aproximou dos dois cientistas, o som das esteiras triangulares, os ganidos mecânicos e digitais inundaram o laboratório. O dorso da peça baseada em um cubo, que imitava a assadura de um dorso humano, angustiava Boris e fascinava Cali, a cabeça em forma de um paralelepípedo. Os dois olhos frios esféricos vermelhos sangue giraram. Segurava um pequeno disco rígido externo, com as duas mãos em pinchas.
— Em um extermínio científico! Ser sintético uma tortura psicológica que mata lentamente! — Disse o tanque robô, diante de uma capsula de cristal líquido.
Duas finas hastes de metal, saíram da base do robô! Se conectando ao ser biomecânico encapsulado, que queria gritar, mas pode porque não tinha boca, dos cotocos dos braços e pernas surgiram os membros faltantes. Umas infestações de gafanhotos sintéticos, a nuvem dos insetos empesteou a cápsula, comia a carne sintética, do ser biomecânico, a cada naco de carne os insetos eram absorvidos pelo ser biomecânico. Boca, nariz, dentes, pelos, genitais, orelhas, foram surgindo.
Fragmento do livro: Sono paradoxal, texto de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista em Itajaí, Santa Catarina.
Arte digital de Clarisse Costa, designer gráfico, poetisa, novelista e contista em Biguaçu, Santa Catarina.
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