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segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Fwd: Opera mundi: A reunião na rua L e o doutor Hentom!







Opera mundi: A reunião na rua L e o doutor Hentom!

''I scream alone in the astral void

Don't leave me alone in timelessness

My immortal vate! ''

Clarisse Cristal

 

Rua Alcebíades Vanolli, a tenebrosa rua L, que na verdade é um beco, com uma reta uma subsequente extensão abaulada, de um lugar infame, estava muito longe, de ser verdade. Aurora, de um comando apertando como os finos e delicados dedos na manopla no antebraço esquerdo. De o comando verbal inaudível, procure nos bancos de dados e a inteligência artificial, nada encontrou, os reais motivos para aquele lugarejo pacato, na soleira de enormes prédios.

E Aurora a programadora, usou dá lógica orgânica, dos instintos mais básicos de sobrevivência e olhando profundamente daquele lugar com singelas casas de madeira. Então deu outro comando verbal, para acessar a listagem dos moradores, tanto ascendentes e descendentes, nos bancos de dados públicos. A checagem deu uma pista da má fama, eram parentes de líderes de facções criminosas e agentes dos aparatos de segurança. As muitas ondas de criminalidade, aquele lugar por motivos óbvios, foi um lugar a ser evitado nas ações criminosas e ações policiais. As informações eram projetadas em uma pequena tela projetada pela manopla da programadora, imagens decodificadas pelas lentes de contato nos olhos de Aurora.

Parada na entrada da rua L, Aurora revisou o assunto que teria que tratar com o doutor Hentom, e a programadora pensou no lema que norteava as pesquisas e as invenções do seminal engenheiro mecatrônico. Resolver problemas complexos, com soluções simples, era o que guiava a excepcional vida profissional do doutor Hentom. A alcunha de doutor Hentom, surgiu do fato de extrair soluções dos estudos da entomologia, nas construções de robôs, eram na maioria robôs de manutenção, em diversas áreas das indústrias pesada e construção civil pesada, naval e aeronáutica.

Parada na frente de uma singela casa de madeira, pintada de branco gelo, com as suas ruas laterais estreitas e um muro de alvenaria de um pouco mais de um metro, sombreada por um grande prédio residencial. Um homem alto e negro e trajado com vestes casuais, sai da porta lateral e caminhou sorrindo até a pequeno portão de ferro.

— Senhora Aurora, fiquei curioso com o vosso pedido, para uma reunião! — Disparou de forma cordial e direta, o doutor Hentom levantando a mão em um comprimento formal. — Eu quero muito entender os motivos, da senhora de usar a velha comunicação subterrânea, mas entre, seja bem vinda a minha humilde residência.

Aurora a programadora, adentrou no ambiente do doutor Hentom, com um certo temor, pois a programadora não gostava daquilo, ela que compreendia e processava os fatos da vida, com lógica cartesiana. Presa em uma rotina rígida e segura, que se repetia e se repetia dia após dia. Ter o engenheiro mecatrônico, a sua frente, era outra coisa que Aurora, sempre quis se desvencilhar, ter um desconhecido conduzindo a sua caminhada e em um terreno desconhecido. E o pensamento pungente floresceu na mente de Aurora, algo lhe dizia que ela estava vivenciando algo novo e imprescindível. A programadora, teve uma impressão vaga, que não caminhava, flutuava, era uma habilidade, que os botos, que ela ajudou a projetar não possuíam.

Passado o mal estar, Aurora se deparou com o engenheiro mecatrônico parado ao lado de uma mesa de centro, a programadora olhou os quadros nas paredes, eram famílias em momentos descontraídos. As lentes de contato, nos olhos da programadora, fizeram a leitura facial dos elementos nos retratos, os elementos simplesmente não constavam nos bancos de dados e redes sociais. A posterior expansão da pesquisa, apontava que aquelas pessoas retratadas não existiam e nem eram montagens, eram fotografias produzidas por máquinas fotográficas analógicas e recuperadas e tratadas de forma digital.  

Aurora percebeu um cabideiro poucos centímetros atrás dela e ali colocou o chapéu e o sobretudo. Os braços alvíssimos e delicados, chamaram a atenção do doutor Hentom, assim como os longos, lisos, finos e cabelos brancos. Um brilho vago nos olhos do engenheiro mecatrônico e a programadora devolveu com um olhar de lince.     

— Sente-se senhorita! — Disse o dono da casa de pé e apontando para um sofá.

— Claro doutor! — A voz vacilante da Aurora não passou despercebida pelo engenheiro mecatrônico! E a programadora se sentou e o dono da casa a acompanhou.

— Podes me chamar de Hentom, pois é assim que me chamam a tanto tempo, que eu nem sei mais qual é o meu nome de batismo. E doutor? Estou aposentado, menina! — A voz do Hentom parecei ecoar no tempo e no espaço.

E ambos se calaram, um glacial silêncio constrangedor se abriu por poucos segundos, até que o dono da casa levantou a mão direita fechada e apontou com o dedo indicador, para cima. Abrupto se levantou e partiu para um dos cômodos aos fundos da pequena casa e voltou em pouco tempo com uma bandeja de acrílico, com duas xícaras e um bule de café. Aurora a programadora, se perdeu nos detalhes atômicos impressos, nas peças futuristas, eram estranhos, cheios simbolismos, astrais, mecânicos e eletrônicos. Eram placas configuradas complexas, portentosos braços mecânicos, fórmulas matemáticas de tão avançadas, que Aurora, pensou serem extraterrenas. 

— O que de fato, senhora veio fazer aqui? — Perguntou o engenheiro de mecatrônica, colocando a bandeja na mesa de centro.

— Na verdade eu já encontrei o que vim buscar! — Disse Aurora a programadora. E um feixe de luz amarelo tomou conta do ambiente e a programadora perdeu a consciência.

Fragmento do livro: Sono paradoxal, texto de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista em Itajaí, Santa Catarina.

Arte digital de Clarisse Costa, designer gráfico, poetisa, novelista e contista em Biguaçu, Santa Catarina.

 


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