Além dos véus da normalidade!!!
Para a poetisa Clarisse da Costa
Deparei-me com secos arbustos
E verdes galhos de árvores
No meio de uma estrada deserta
Então é precisa ter cuidados
Com o que vem por aí
***
Criei coragem e li e reli
Os antigos e infantos estribilhos meus
Que republiquei recentemente
***
E o mundo está mais escuro,
Sem o brilho da lua cheia
Sem os raios do astro rei
Digo que é apenas a escuridão
De um céu sem estrelas
Os ventos solares que não sopram
As ondas não quebram na orla oceânica
E a poetisa ebúrnea me abandonou
Para nunca mais voltar
***
Olho para trás e veja
Que o tempo não é mais nada
Do que uma mera ilusão
E os nossos sonhos
Não correspondem ao momento presente
E eventualmente os nossos pés descalços
Tocaram no chão hirto e frio
***
Eu o negro e periférico
O cidadão do novo mundo
Gostaria de citar elementos
Da cultura africana nos meus textos
São mulheres de ébano
Da aldeia Nyiominka Serer
Lindas a praticar uma dança tradicional
***
Na minha obsolescência programada
Disse o meu programador acidental
Como é lindo o vosso trabalho
Adoro o teu conteúdo artístico flácido
E há muito ultrapassado
Adoraria poder colaborar
Com o seu deslumbrante fim
Sussurrou ele ao meu ouvido
***
Eu queria conhece a Nigéria
Ver as mulheres da nobreza Peule
Ornadas com os seus maviosos
Brincos de ouro
E carnudos lábios tatuados
***
Como é deveras sedutor
Imaginar a criatividade serena
Em ação a consagra a imaginação
A produzir ideias originais
E criar algo realmente
E inventivamente novo
***
Surreal
Contaram-me que os meus designers internos
Trabalham sem parar
Com uma perspectiva hipersurreal
Querem conquistar o inóspito ciberespaço
O universo afrofuturista das belas-letras
***
Tolas criaturas
Vou chamar um carro de aplicativo
Adentra-lo corajosamente
Ver-me dobra a esquina
E desaparecer por completo
Fragmento do livro: Astro-domo, texto de Samuel da Costa, contista, poeta e novelista em Itajaí, Santa Catarina.
Arte digital de Clarisse da Costa, designer gráfico, novelista, contista e cronista em Biguaçu, Santa Catarina.
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