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domingo, 1 de maio de 2022

SEM TEMPO
Caine Teixeira Garcia

Houve um tempo em que a saudade
Era um caminho...
Houve um tempo em que o caminho
Era esperança!
Houve um tempo em que a esperança
Era um moinho,
Movendo águas em meus bálsamos
De lembranças!

Porém, esse tempo por ser tempo,
Enfim, passou!
E da esperança, restou-me o pó
Dessas estradas...
Desfez-se o moinho, que não mais
Então, girou,
Transformando as águas em agruras
...e mais nada!

Maldigo o tempo, que por maula,
É traiçoeiro!
Fiel parceiro, de um grande amor
Que o é, também!
Me fiz refém de um lindo olhar
- tão feiticeiro -
E nunca mais encontrei o amor
Em outro alguém!

Ah, e esse tempo que é eterno
E tão fugaz!
Jamais se importa com um coração
Que é prisioneiro!
Só segue adiante, não se detém,
Não volta atrás,
E sem ter pressa, se vai cruzando,
Muy ligeiro!

Houve um tempo em que meu tempo
Era infância...
Houve um tempo em que meus sonhos
Eram verdades!
Houve um tempo em que habitar
Na ignorância
Tornava mais doce – e até bem-vindas -
As saudades!

Porém, a saudade, em grande parte,
Também é dor!
E se no amor é que enfim reside
O que a alimenta,
Adentra o peito,  sangra a alma e
Por onde for,
Vai vencendo a paz, para , enfim,
Virar tormenta!

Enfrento a força dessa saudade
Em meu desatino!
Se fui menino, o espelho afirma
Que não sou mais!
Eu quase aceito que ser saudade
É meu destino,
Peão dos dias, bem sei que o tempo
É meu capataz!

Ah, essa saudade, que é perversa
Mas quase boa,
Há muito destoa do que imagino
Por felicidade...
Traz para perto o inalcançável,
Maltrata à toa,
Em seus labirintos, guia meus passos
À insanidade!

Desta solidão, eu bebo os goles
Vindos de um poço
De água salobra, sombria e turva,
Que não é mansa...
Carrego a sede de sorver o amor
E já desde moço,
Eu sei que o balde que traz tristezas
Jamais descansa...

Pelas varandas desses meus dias
Já quase findos,
E nos corredores das minhas horas
Já tão escassas,
Habita um silêncio, que fala alto
Aos meus ouvidos...
E uma ausência, que impiedosa
Ainda me abraça!

O velho tempo – cisma em ter tempo
De não ter paciência...
Num tranco largo, vai consumindo
O que há de mim!
A saudade é pago em que meu amor
Fez sua querência
Num sonho avesso a esses tempos,
Bem lá no fim...

Pelo horizonte, os sóis e as luas
Ainda adormecem...
E dia após dia, também acordam
Sem nenhum beijo!
Pobre de mim, homem sem tempo
... saudade e prece!
Feito de amor – e de amor desfeito
Em meus desejos...

Imagem: Google Internet

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