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quarta-feira, 17 de setembro de 2025

Entre um protótipo de internet e a Duquesa Feia

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

Fwd: Opera mundi: A reunião na rua L e o doutor Hentom!







Opera mundi: A reunião na rua L e o doutor Hentom!

''I scream alone in the astral void

Don't leave me alone in timelessness

My immortal vate! ''

Clarisse Cristal

 

Rua Alcebíades Vanolli, a tenebrosa rua L, que na verdade é um beco, com uma reta uma subsequente extensão abaulada, de um lugar infame, estava muito longe, de ser verdade. Aurora, de um comando apertando como os finos e delicados dedos na manopla no antebraço esquerdo. De o comando verbal inaudível, procure nos bancos de dados e a inteligência artificial, nada encontrou, os reais motivos para aquele lugarejo pacato, na soleira de enormes prédios.

E Aurora a programadora, usou dá lógica orgânica, dos instintos mais básicos de sobrevivência e olhando profundamente daquele lugar com singelas casas de madeira. Então deu outro comando verbal, para acessar a listagem dos moradores, tanto ascendentes e descendentes, nos bancos de dados públicos. A checagem deu uma pista da má fama, eram parentes de líderes de facções criminosas e agentes dos aparatos de segurança. As muitas ondas de criminalidade, aquele lugar por motivos óbvios, foi um lugar a ser evitado nas ações criminosas e ações policiais. As informações eram projetadas em uma pequena tela projetada pela manopla da programadora, imagens decodificadas pelas lentes de contato nos olhos de Aurora.

Parada na entrada da rua L, Aurora revisou o assunto que teria que tratar com o doutor Hentom, e a programadora pensou no lema que norteava as pesquisas e as invenções do seminal engenheiro mecatrônico. Resolver problemas complexos, com soluções simples, era o que guiava a excepcional vida profissional do doutor Hentom. A alcunha de doutor Hentom, surgiu do fato de extrair soluções dos estudos da entomologia, nas construções de robôs, eram na maioria robôs de manutenção, em diversas áreas das indústrias pesada e construção civil pesada, naval e aeronáutica.

Parada na frente de uma singela casa de madeira, pintada de branco gelo, com as suas ruas laterais estreitas e um muro de alvenaria de um pouco mais de um metro, sombreada por um grande prédio residencial. Um homem alto e negro e trajado com vestes casuais, sai da porta lateral e caminhou sorrindo até a pequeno portão de ferro.

— Senhora Aurora, fiquei curioso com o vosso pedido, para uma reunião! — Disparou de forma cordial e direta, o doutor Hentom levantando a mão em um comprimento formal. — Eu quero muito entender os motivos, da senhora de usar a velha comunicação subterrânea, mas entre, seja bem vinda a minha humilde residência.

Aurora a programadora, adentrou no ambiente do doutor Hentom, com um certo temor, pois a programadora não gostava daquilo, ela que compreendia e processava os fatos da vida, com lógica cartesiana. Presa em uma rotina rígida e segura, que se repetia e se repetia dia após dia. Ter o engenheiro mecatrônico, a sua frente, era outra coisa que Aurora, sempre quis se desvencilhar, ter um desconhecido conduzindo a sua caminhada e em um terreno desconhecido. E o pensamento pungente floresceu na mente de Aurora, algo lhe dizia que ela estava vivenciando algo novo e imprescindível. A programadora, teve uma impressão vaga, que não caminhava, flutuava, era uma habilidade, que os botos, que ela ajudou a projetar não possuíam.

Passado o mal estar, Aurora se deparou com o engenheiro mecatrônico parado ao lado de uma mesa de centro, a programadora olhou os quadros nas paredes, eram famílias em momentos descontraídos. As lentes de contato, nos olhos da programadora, fizeram a leitura facial dos elementos nos retratos, os elementos simplesmente não constavam nos bancos de dados e redes sociais. A posterior expansão da pesquisa, apontava que aquelas pessoas retratadas não existiam e nem eram montagens, eram fotografias produzidas por máquinas fotográficas analógicas e recuperadas e tratadas de forma digital.  

Aurora percebeu um cabideiro poucos centímetros atrás dela e ali colocou o chapéu e o sobretudo. Os braços alvíssimos e delicados, chamaram a atenção do doutor Hentom, assim como os longos, lisos, finos e cabelos brancos. Um brilho vago nos olhos do engenheiro mecatrônico e a programadora devolveu com um olhar de lince.     

— Sente-se senhorita! — Disse o dono da casa de pé e apontando para um sofá.

— Claro doutor! — A voz vacilante da Aurora não passou despercebida pelo engenheiro mecatrônico! E a programadora se sentou e o dono da casa a acompanhou.

— Podes me chamar de Hentom, pois é assim que me chamam a tanto tempo, que eu nem sei mais qual é o meu nome de batismo. E doutor? Estou aposentado, menina! — A voz do Hentom parecei ecoar no tempo e no espaço.

E ambos se calaram, um glacial silêncio constrangedor se abriu por poucos segundos, até que o dono da casa levantou a mão direita fechada e apontou com o dedo indicador, para cima. Abrupto se levantou e partiu para um dos cômodos aos fundos da pequena casa e voltou em pouco tempo com uma bandeja de acrílico, com duas xícaras e um bule de café. Aurora a programadora, se perdeu nos detalhes atômicos impressos, nas peças futuristas, eram estranhos, cheios simbolismos, astrais, mecânicos e eletrônicos. Eram placas configuradas complexas, portentosos braços mecânicos, fórmulas matemáticas de tão avançadas, que Aurora, pensou serem extraterrenas. 

— O que de fato, senhora veio fazer aqui? — Perguntou o engenheiro de mecatrônica, colocando a bandeja na mesa de centro.

— Na verdade eu já encontrei o que vim buscar! — Disse Aurora a programadora. E um feixe de luz amarelo tomou conta do ambiente e a programadora perdeu a consciência.

Fragmento do livro: Sono paradoxal, texto de Samuel da Costa, poeta, novelista e contista em Itajaí, Santa Catarina.

Arte digital de Clarisse Costa, designer gráfico, poetisa, novelista e contista em Biguaçu, Santa Catarina.

 


quinta-feira, 11 de setembro de 2025

Crônica do dia: Depois da peça teatral Madame Macmillan!

Crônica do dia: Depois da peça teatral Madame Macmillan!

 

''Perco- me na intensidade deste sentir...

Sinto-te, desejo, mas impossível tocá-lo

Como mentir!? És tudo p'ra mim, vida,

Mas existe um abismo, entre nós dois...''

Fabiane Braga Lima

 

            O melhor de um grande dia é o dia seguinte, assim dizem! Onde as verdades se avolumam e se engrandecem, ou se diminuem e se dissipam no ar! Ao final de um grande dia, um texto meu circulava pelos subterrâneos culturais alternativos, fora paus e pedras, elogios e flores e também muita gente chocada. Norte americanos fuleiros disseram alguns, erros crassos disseram o povo das artes cênicas. E o povo das subculturas vieram os aplausos e os vivas. Eu, em particular, não me sentia pequena e nem agigantada, eu era e ainda sou, somente. Eu e a minha realidade cotidiana, era e é somente a minha realidade de uma completa desconhecida, para além do meio que eu existo.

            E nada fica no lugar, eu a cidadã das nuvens, exilada na hirta realidade, as coisas têm um peso maior. E lá estava ele, em um déja-vu, o meu pai, o consagrado e prestigiado economista financeiro e também teórico, ele estava me esperando, com a revista Astro-domo em mãos. A malfadada revista de arte, cultura e comportamento, que dificilmente, estaria nas mãos do meu jovem pai, o adorável amante de números, cálculos, planilhas e planejamento. Ele devorava livros, jornais, revistas e publicações digitais, de vários campos das ciências econômicas e da administração e do mundo das finanças. Eram publicações em vários idiomas e muitas delas desconhecidas do grande público.

         Contudo a realidade sempre se impõe, como o pior dos piores pesadelos, pois da realidade não se pode fugir, nos força a sair da segurança tranquila dos nossos mundos particulares cotidianos. Para o meu pai, a garotinha dele, estava crescendo e virando uma mocinha, criando negras asas e voando. Ler os meus textos, na versão física na revista Astro-domo, era e ainda é, vista pelo meu progenitor, como algo preocupante e particularmente aterrador.

            E de volta ao início, fiquei na porta da sala de estar, na semiescuridão, lendo a revista, pois a revista Astro-domo vem com isto, ler alguns textos na semiescuridão, eram fontes luminosas, para ler na semiescuridão. Eu esperei o golpe, fechei a porta, andei alguns passos à frente e fiquei entre a mesa de centro e o meu possível algoz.

            — Boa noite, minha filha querida! — Murmurou o meu pai, sem tirar os olhos do meu texto e continuou — Ou Lady Cristal corrijo-me eu!

            — Estás gostando da leitura? — Respondi com força.

            — Interessante, já posso calcular os quanto custa uma edição de livro de pouca tiragem e quanto custa uma digressão de uma banda de Grindcore pela Europa e pelo nosso amado país. É muito bom os contatos das pequenas editoras, selos editoriais e produtoras independentes, agora posso encomendar custos de produção e comparar preços, em diversos serviços. — Era o meu pai, falando que tudo estava bem.

            — Bom saber! — Devolvi, esperando que ele não levantasse os olhos e me encarou, mas levantou os olhos e me encarou com o olhar da penitencio e para depois me confortar com o sorriso da benevolência.

            — Outro final em aberto? — Era o professor falando e o pai indo para outro lugar.

            — Adoro as finais em aberto! E antes que pergunte, sim haverá outros desdobramentos! — Abri caminho para o meu pai voltar. Aí lembrei que estava no breu e fui acender a luz.

            — Sempre me manipulando, este velho aqui como um grande especular, manipula o mercado de comodidades de safras futuras! — O bom professor se recusava em ir embora.

Virei-me e sorri de nervoso, caminhei até a frente do meu pai, eu queria acabar com a coisa toda.

            — Uma conversa delicada! — Disse tentando não me expor.

            — O bom e velho universo compartilhado, já organizei as finanças de escritores e editoras, como é o meu mister é conhecer os meus assessorados! — Disse o meu pai e colocando a revista na mesa de centro.

            — Sim, talvez e talvez digo que vá parar em um universo compartilhado, ou eu aproveite os personagens e ambientação em outros universos meus! — Eu queria terminar aqui, joguei a minha bolsa na mesa de centro, me rendi pois a pergunta seguinte não tardava.

            — E o que houve com os quatro cavalheiros sulistas? — A pergunta veio afinal. O meu pai veio com força e adeus economista.

            — Pois bem! Digo somente para minha audiência cativa e particular! — E arrastei a poltrona que estava ao lado do meu pai, me sentei na frente da minha audiência. — Então os quatro cavalheiros de descendência sulistas, irão vivenciar os horrores e terrores que lhe foi mostrado, acordaram e se depararam com a senhora de idade avançada, varrendo as folhas secas no palco. O teatro estava vazio, a audiência simplesmente foi embora depois que a peça tinha acabado, os quatro cavalheiros de descendência sulistas, tentaram deixar o pequeno teatro. E não conseguiram, presos as poltronas, escutaram a senhora falar que eles não tinham escolhas a não ser vivenciar os mesmos horrores e terrores para sempre.

            O meu olhou para mim, se levantou e me deu boa noite. Eu me recolhi na minha insignificância e caí na cama só acordando no dia seguinte.

 

Fragmento do livro: Do diário de uma louca, texto de Clarisse Cristal, poetisa, contista, novelista e bibliotecária em Balneário Camboriú, Santa Catarina.

Arte digital de Clarisse Costa, é designer gráfico, novelista, contista e cronista em Biguaçu, Santa Catarina.  

 

 


terça-feira, 9 de setembro de 2025

Enfim, debutantes

Entre um protótipo de internet e a Duquesa Feia

Enclave #135: conteúdo requentado para poluir ainda mais a Grande Rede. Donald E. Westlake. ͏     ­͏     ­͏     ­͏     ­͏     ­͏     ­͏     ...